O método: Três cartas lidas sequencialmente, de forma que uma leva à outra. Sendo que a primeira costumo tratar como a situação e as demais o andamento do caso e sua possível conclusão.

O contexto: Um homem foi envenenado pela manhã e imediatamente começou a passar muito mal, morrendo poucas horas depois. Ele era muito rico e sua herança era bastante farta. Três pessoas da família apareceram como suspeitas do crime, sendo que apenas uma delas foi a julgamento. Então, perguntei qual delas envenenou o homem.

São 3 jogos e para cada um deles fiz a mesma pergunta.

A pergunta: Fulano envenenou o homem?

O caso

O caso narrado é muito antigo e o conheci em um livro. Independente, do fato já ter acontecido, eu não sabia o resultado, portanto equivale a um jogo atual. Não há problema nenhum em fazer perguntas sobre fatos que já tiveram um desfecho, especialmente quando o consulente não sabe o que ocorreu. É tão fresquinho quanto uma pergunta atual. É um ótimo exercício.

Primeiro suspeito: o filho

O filho do morto era conhecido por um caráter meio duvidoso e uma vida errante. Trabalhava na fazenda do pai e com a morte deste ganharia bens valiosos.

As cartas

Foice-Casa-Buquê

Segundo suspeito: o genro

O genro era um homem jovem e muito apreciado pelo falecido, que confiava completamente nele. Era uma pessoa muito trabalhadora e ambiciosa. Estava incluso no testamento do morto, sendo beneficiário de quantias maiores que as do próprio filho e do neto do falecido. Pouco antes do envenenamento, tinha levado, a pedido do sogro, um novo testamento ao cartório, o qual ganhou muito mais benefícios do que os que haviam no testamento anterior.

As cartas

Caixão- Mulher-Cruz

Terceiro suspeito: o neto

O neto era um homem jovem e carismático que não queria nada com o trabalho e costumava se meter em confusões. O avó(falecido) não confiava nele, a ponto de demiti-lo do trabalho que fazia na fazenda da família. Como esse jovem teve movimentos inusuais na manhã do crime e foi encontrado em sua posse um pacote com o mesmo tipo de veneno que matou seu avô, ele foi considerado o principal suspeito.

As cartas

Ratos-Anel-Nuvens

Vou levantar algumas possibilidades antes de revelar o assassino, porém vale você refletir antes de ver o que escrevi, a fim de não sofrer influência em suas conclusões. A revelação está bem lá embaixo no pé da página.

Possibilidades

No caso do filho, poderíamos interpretar foice-casa como matar um familiar, porém a conjunção casa-buquê passa a sensação de ele ser alguém que respeita a família e tenta manter uma boa relação. Ele poderia até torcer para o pai morrer em função da herança, mas talvez prevalecesse um certo princípio. A combinação casa-buquê também dá uma ideia de acomodação e falta de atitude e de agressividade para tal. É uma combinação construtiva.

No caso do cunhado, ao olharmos rapidamente, dá logo a impressão de que foi ele, porém, achei que caixão e cruz são duas cartas muito paradas. A conjunção mulher-cruz pode se referir a questões morais e religiosas. Acho que mulher-cruz é uma posição de muito comprometimento, que coloca a pessoa fiel e dedicada a um outro indivíduo ou evento(trabalho, por exemplo).

Quando o alvo da pergunta é homem e sai no jogo a carta da mulher, essa mulher está se referindo a uma outra pessoa, independente de ser feminino ou masculino(e vice-versa). Então daria também para pensar que essa morte foi provocada por uma outra pessoa, e não o indivíduo investigado. Quem sabe o genro foi o mentor e uma outra pessoa o executor?

No caso do neto, dá para imaginar um grande cobiça, já que anel é uma carta relacionada a coisas valiosas e ratos fala de alguém que faz qualquer coisa para conseguir o que quer, sendo honesto ou não. Além disso, anel-nuvens diz respeito hostilidade com o outro, porque este não dá aquilo que a pessoa espera. Essa pode ser uma relação difícil, problemática e perigosa. Outra característica dessa conjunção é o desligamento das coisas, que pode vir através de separações ou morte. Mas, não poderia também falar de desapego a bens?

As primeiras cartas

Note que a primeira carta de cada um levanta suspeita e dá aquela vontade de gritar “foi ele!!!!”; porém essa é uma posição de “situação”, e a situação é o assassinato e o jogo sujo. Também pode mostrar um pouco das características de personalidade de cada um deles ou da maneira que poderiam ter agido em caso de serem os assassinos.

Sendo assim, dá ainda para viajar um pouco nos significados das primeiras posições dos suspeitos, imaginando como cada um mataria alguém.

Filho(Foice)– Acho que mataria por acidente ou, se intencional, usaria de um meio mais agressivo, como através de objetos cortantes, perfurantes, armas de fogo, golpes.

Genro(Caixão) – Ele até poderia matar envenenado, porém seria em pequenas doses durante longo tempo a fim de parecer uma doença. Ou então poderia matar sufocado ou por qualquer outro método silencioso e que criasse o mínimo de provas e sujeira, podendo inclusive matar em local ermo e sumir com o corpo.

Neto(Ratos)– Antes de tudo, é bom lembrar que os ratos são tradicionalmente ligados a venenos. Envenenar é uma das maneiras que durante séculos se exterminou ratos. Essa pessoa mataria criando uma lambança, procurando ter o resultado o mais rápido possível e não se incomodaria em usar um meio covarde.

Veja o resultado no pé da página

O assassino foi o neto.

Ele chegou a ser acusado, ficou um tempo na prisão, porém foi absolvido. Tentou inclusive colocar a culpa no próprio pai(o suspeito número1). Saiu do julgamento ovacionado e tratado como um modelo de virtudes.

Dez anos depois ele foi preso tentando extorquir um homem. Estava usando uma identidade falsa e durante todo esse tempo abriu negócios que fracassaram – porque era preguiçoso e desinteressado – e então passou a viver como estelionatário.

Ao ser preso acabou confessando que matou o avô e foi condenado a 20 anos de prisão pelo crime de extorsão e não pela morte do avô, pois não poderia ir a julgamento de novo pelo mesmo crime.

Observação final

Em dúvidas como essa, o ideial é fazer vários jogos usando métodos diferentes. O uso de três cartas é inadequado e superficial, porém vale como exercício.